CUSTOS DE TRANSAÇÕES E ESTRUTURAS DE GOVERNANÇA NA CADEIA PRODUTIVA DE PEDRAS PRECIOSAS

Autores

  • Carine Dalla Valle Universidade Federal de Santa Maria/ Pós-graduação em Administração - Nível Doutorado
  • Andrea Cristina Dorr Universidade Federal de Santa Maria / Programa de Pós-graduação em Extensão Rural

DOI:

https://doi.org/10.22277/rgo.v15i2.5221

Palavras-chave:

Economia dos Custos de Transação. Cadeia Produtiva. Pedras Preciosas.

Resumo

Objetivo: O objetivo deste artigo é analisar a ECT por meio das estruturas de governança da cadeia produtiva de pedras preciosas da região do Médio Alto Uruguai do estado do Rio Grande do Sul, sob o arcabouço teórico da Nova Economia Institucional (NEI).

Método / abordagem: São apresentados resultados de um estudo de caso e 44 entrevistas, em uma abordagem qualitativa de caráter descritivo. Os dados foram a partir de entrevistas semiestruturadas com roteiro de pesquisa e analisados por meio da análise de conteúdo.

Principais resultados: Os resultados sugerem que formas de governança mais complexos são mais eficientes que o mercado para reduzir custos de transação, entretanto, alterações no ambiente institucional e como a demanda das indústrias pelo aumento da industrialização e da exportação, podem trazer modificações mais profundas para o setor e o modo como os agentes governam as transações e a influência das instituições na cadeia produtiva de pedras preciosas. Em suma, as transações foram identificadas com níveis de alta frequência, elevada incerteza e a presença de ativos específicos.

Contribuições metodológicas / sociais / gerenciais: A abordagem da Economia dos Custos de Transação (ECT) apresentada neste estudo contribui como uma teoria geral de por que, quando e onde as estruturas de governança complementam e/ou deslocam o mercado como o meio pelo qual as atividades e interações econômicas são coordenadas e governadas dentro de uma cadeia produtiva. O artigo fornece uma plataforma para novas pesquisas que abordam lacunas no conhecimento e avançam no campo da ECT e governança em cadeias produtivas. Uma agenda de pesquisa é desenvolvida em torno temas-chave.

Originalidade / relevância: Este trabalho é o primeiro estudo a explorar explicitamente os custos de transação do setor de pedras preciosas e estruturas de governança dentro de uma cadeia produtiva, a partir de uma perspectiva teórica.

Biografia do Autor

Carine Dalla Valle, Universidade Federal de Santa Maria/ Pós-graduação em Administração - Nível Doutorado

Centro de Ciências Sociais e Humanas (CCSH) / Área de Administração

Andrea Cristina Dorr, Universidade Federal de Santa Maria / Programa de Pós-graduação em Extensão Rural

Centro de Ciências Rurais (CCR) / Área de Extensão Rural

Referências

Azevedo, P. F. (2000). Nova Economia Institucional: referências gerais e aplicação para a agricultura. Agricultura em São Paulo, 47(1), 33-52.

Bardin, L. (2009). Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70.

Batalha, M. O. (2007). Gestão agroindustrial. 3. ed. São Paulo: Atlas

Brasil. Lei nº 11.685, de 2 de junho de 2008. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11685.htm

Brasil. Lei nº 7.805, de 18 de julho de 1989. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7805.htm

Canitez, F. (2019). Urban public transport systems from new institutional economics perspective: a literature review. Transport Reviews, 39(4), 511-530. https://doi.org/10.1080/01441647.2018.1552631

Carvalho Junior, L. C., & Ozon, R. T. (2004). Análise das transações e das estruturas de governança na cadeia do feijão na região de União da Vitória - PR. In: CONGRESSO DA SOBER, 42, 2004, Cuiabá. Anais... Cuiabá: SOBER.

Cassiolato, J. E.; Szapiro, M. (2002). Arranjos e sistemas produtivos e inovativos locais no Brasil. In: Notas técnicas da fase II do Projeto “Proposição de políticas para a promoção de sistemas produtivos e inovativos locais de micro, pequenas e médias empresas brasileiras”. Rio de Janeiro: UFRJ, Redesist.

Coase, R. H. (1937). The nature of the firm. Economica, 4(16), 386–405. 10.1111/j.1468-0335.1937.tb00002.x

Coogamai. Cooperativa de garimpeiros do Médio Alto Uruguai. 2018. Disponível em http://www.coogamai.com.br/ acessado em 14/04/2018

Cunha, C. F., Saes, M. S. M., & Mainville, D.Y. (2013). Análise da complexidade nas estruturas de governança entre supermercados e produtores agrícolas convencionais e orgânicos no Brasil e nos Estados Unidos: a influência do custo de transação e de mensuração. Revista de Administração, 48(2), 341-358. https://doi.org/10.5700/rausp1092

Dekkers, R., de Boer, R., Gelsomino, L. M., de Goeij, C., Steeman, M., Zhou, Q., … Souter, V. (2019). Evaluating theoretical conceptualisations for supply chain and finance integration: a Scottish focus group. International Journal of Production Economics, 220, 107451. 10.1016/j.ijpe.2019.07.024

de Goeij, C., Gelsomino, L. M., Caniato, F., Moretto, A. M. & Steeman, M. (2021). Understanding SME suppliers' response to supply chain finance: a transaction cost economics perspective. International Journal of Physical Distribution & Logistics Management, 51(8), 813-836. https://doi.org/10.1108/IJPDLM-04-2020-0125

Dutra, A. S., & Rathmann, R. (2008). A ótica da economia dos custos da transação no processo de tomada de decisão em cadeias produtivas agroindustriais: uma proposta de estrutura analítica. In: Congresso Da Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural (SOBER), 46., 2008, Rio Branco. Anais... Rio Branco: SOBER.

Dyer, J. H. (1997). Effective interim collaboration: how firms minimize transaction costs and maximise transaction value. Strategic Management Journal, 18(7), 535–556. 10.1002/(sici)1097-0266(199708)18:7<535::aid-smj885>3.0.co;2-z

Farina, E. M. Q. (1997). Competitividade, mercado, estado e organizações. São Paulo: Ed. Singular.

Farina, E. M. Q. (1999). Competitividade e coordenação dos sistemas agroindustriais: Um ensaio conceitual. Revista Gestão e Produção, 6(3), 147-161.

Farina, E. M. Q. (2000). Organização Industrial no Agribusiness. In: Zylbersztajn, Décio; NEVES, Marcos F. (Orgs.) Economia e Gestão de Negócios Agroalimentares: indústria de alimentos, indústria de insumos, produção agropecuária, distribuição. São Paulo: Pioneira.

FEE - Fundação de Economia e Estatística. (2016). Estatísticas. Porto Alegre.

Ferreira, G. M. V. et. al. (2005). A economia dos custos de transação sob uma análise crítica: perspectivas de aplicação no agronegócio. In: Congresso da Sober “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial”, 43. Anais. . . Ribeirão Preto, 24 a 27 de julho.

Figuera, S. R., & Belik, W. (1999). Transformação no elo industrial da cadeia produtiva do leite. Revista Cadernos de Debate, Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentos da UNICAMP, v. VII, Campinas/SP.

Firjan - Federação Das Indústrias Do Estado Do Rio De Janeiro. (2015). Mapeamento da indústria criativa no Brasil. Rio de Janeiro, 2015. http://www.firjan.org.br/economiacriativa/pages/default.aspx

Gaskell, G. (2002). Entrevistas individuais e grupais. In: Gaskell, G.; Bauer, M. W. (Org.). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. Petrópolis: Vozes. p. 64-89.

Goldin, A. R., Risso, G. A., Guimarães, A. F., & Santos, C. N. (2019). Coordenação em sistemas agroindustriais: um estudo na cadeia produtiva de soja no noroeste do paraná segundo a economia dos custos de transação. Economia & Região, 7(2), 133. 10.5433/2317-627x.2019v7n2p133

Grover, V., & Malhotra, M. K. (2003). Transaction cost framework in operations and supply chain management research: theory and measurement. Journal of Operations Management, 21(4), 457–473. 10.1016/s0272-6963(03)00040-8

Hartmann, L. A. (2014). Geologia da riqueza do Rio Grande do Sul em geodos de ágata e ametista. In: HINRICHS, R. (Org.). Técnicas instrumentais não destrutivas aplicadas a gemas do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: UFRGS.

Hobbs, J. E. (1996). A transaction cost approach to supply chain management. Supply Chain Management, 1, 15-27.

Huo, B., Ye, Y., Zhao, X., Wei, J., & Hua, Z. (2018). Environmental uncertainty, specific assets, and opportunism in 3PL relationships: A transaction cost economics perspective. Journal of Production Economics, 203, 154–163. 10.1016/j.ijpe.2018.01.031.

Ireland, R. D., & Webb, J. W. (2007). A multi-theoretic perspective on trust and power in strategic supply chains. Journal of Operations Management, 25(2), 482–497. 10.1016/j.jom.2006.05.004.

Ketokivi, M., & Mahoney, J. T. (2020). Transaction cost economics as a theory of supply chain efficency. Production and Operations Management, 29(4), 1011-1031. 10.1111/poms.13148

Liebl, J., Hartmann, E., & Feisel, E. (2016). Reverse factoring in the supply chain: objectives, antecedents and implementation barriers. International Journal of Physical Distribution & Logistics Management, 46(4). https://doi.org/10.1108/IJPDLM-08-2014-0171

Lima, M. H. R. et al. (2004). Garimpo e inclusão social no Brasil: dois estudos de caso. In: Seminário Internacional Sociedade, 3., 2004, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte: PUC-Minas. p. 15.

Malhotra, D., & Lumineau, F. (2011). Trust and collaboration in the aftermath of conflict: The effects of contract structure. Academy of Management Journal, 54(5), 981–998. 10.5465/amj.2009.0683

Martin, J. (2017). Suppliers participation in supply chain finance practices: predictors and outcomes. International Journal of Integrated Supply Management, 11(2/3), 193. 10.1504/ijism.2017.086242

McMackin, J., Chiles, T., & Lam, L. (2021). Integrating variable risk preferences, trust, and transaction cost economics – 25 years on: Reflections in memory of Oliver Williamson. Journal of Institutional Economics, 1-16. 10.1017/S1744137421000576

Ménard, C. (2004). The Economics of Hybrid Organizations. Journal of Institutional and Theoretical Economics JITE, 160(3), 345–376. 10.1628/0932456041960605.

Mendes, K., Figueiredo, J. C., & Michels, I. L. (2009). A nova economia institucional e sua aplicação no estudo do agronegócio brasileiro. Revista de Economia e Agronegócio, 6(3), 1614-1679.

Nooteboom, B. (1996). Trust, opportunism and governance: a process and control model. Organization Studies, 17, 1010 - 985.

North, D. (1990). Institutions, Institutional Change and Economic Performance (Political Economy of Institutions and Decisions). Cambridge: Cambridge University Press. 10.1017/CBO9780511808678.

Ostrom, E. (1990). Governing the commons: the evolution of institutions for collective action (political economy of institutions and decisions). Cambridge: Cambridge University Press. 10.1017/CBO9780511807763.

Pereira, L. B., Souza, J. P. De, & Cario, S. A. F. (2009). Elementos básicos para estudo de cadeias produtivas: tratamento teórico-analítico. In: Prado, I. N. do; Souza, J. P. de (Org.). Cadeias produtivas: estudos sobre competitividade e coordenação. 2. ed.

Maringá: EDUEM, 2009, 13-34.

Pisano, G.P. (1990). The R&D boundaries of the firm: an empirical analysis. Administrative Science Quarterly, 35, 153-176.

Richardson, R. J. (2017). Pesquisa social: métodos e técnicas. 4. ed. São Paulo: Atlas.

Richter, R. (2005). The New Institutional Economics: its start, its meaning, its prospects. European Business Organization Law Review, 6(2), 161–200. 10.1017/s1566752905001618.

Rindfleisch, A., & Heide, J. B. (1997). Transaction cost analysis: past, present, and future applications. Journal of Marketing, 61(4), 30-54. 10.2307/1252085.

Rio Grande Do Sul. Secretaria Do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia (SDECT). APL 2013. http://www.sdect.rs.gov.br/programa-de-fortalecimento-das-cadeias-e-arranjos-produtivos-locais-apls

Rutherford, M. (2001). Institutional Economics: Then and Now. The Journal of Economic Perspectives, 15(3), 173–194. http://www.jstor.org/stable/2696562

Saes, M. S. M., & Farina, E. M. M. Q. (1999). O agribusiness do café no Brasil. São Paulo: Milkbizz.

Schmitz, H., & Mccormick, D. (2002). Manual for value chain research on homeworkers in the garment industry. Sussex: Institute of Development Studies.

Schmidt, C. G., & Wagner, S. M. (2019). Blockchain and supply chain relations: A transaction cost theory perspective. Journal of Purchasing and Supply Management, 25(4), 100552. 10.1016/j.pursup.2019.100552.

Silva, J. T., Hartmann, L. A., & Hauschild, C. A. (2010). O centro tecnológico de pedras, gemas e joias do Rio Grande do Sul no ambiente de um arranjo produtivo local. In: Hartmann, L. A.; Silva, J. T. da (Org.). Tecnologias para o setor de gemas, joias e mineração. Porto Alegre: UFRGS.

Stake, R. E. (2011). Pesquisa qualitativa: estudando como as coisas funcionam. Porto Alegre: Penso.

Stranieri, S., Varacca, A., Casati, M., Capri, E., & Soregaroli, C. (2021). Adopting environmentally-friendly certifications: Transaction cost and capabilities perspectives within the Italian wine supply chain. Supply Chain Management. https://doi.org/10.1108/SCM-12-2020-0598

Sydow, J., & Müller-Seitz, G. (2018). Open innovation at the interorganizational network level – Stretching practices to face technological discontinuities in the semiconductor industry. Technological Forecasting and Social Change, 155, 119398. 10.1016/j.techfore.2018.07.036

Valle, C. D. (2018). Análise econômica do mercado de pedras preciosas na região do Médio Alto Uruguai do estado do Rio Grande do Sul. Dissertação (Mestrado em Extensão Rural) – Programa de Pós-Graduação em Extensão Rural, Universidade Federal de Santa Maria.

Vian, C. E. F. (2003). Agroindústria canavieira: estratégias competitivas e modernização. Campinas: Átomo & Alínea.

Vilpoux, O. (1997). Coordinations verticals entre enterprises transformatrices de manioc et producteurs agricoles au sud du Bresil. 1997. 233 p. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção). Institut National Polytechnique de Lorraine (INPL), Cergy-Pontoise (França).

Wever, M., Wognum, P. M., Trienekens, J. H., & Omta, S. W. F. (2012). Supply chain-wide consequences of transaction risks and their contractual solutions: towards an extended transaction cost economics framework. Journal of Supply Chain Management, 48(1), 73–91. 10.1111/j.1745-493x.2011.03253.x.

Williamson, O. E. (1975). Market and hierarchies: analysis and antitrust implications. New York: The Free Press.

Williamson, O. E. (1981). The modern corporation: origins, evolution, attributes. Journal of Economic Literature, 19(4), 1537-1568.

Williamson, O. E. (1985). The economic institution of capitalism: firms, markets, relational contracting. New York: The Free Press.

Williamson, O. E. (1991). Comparative economic organization: the analysis of discrete structural alternatives. Administrative Science Quarterly, 36(2), 269-296.

Williamson, O. E. (2000). The new institutional economics: Taking stock, looking ahead. Journal of Economic Literature, 38(3), 595–613.

Zylbersztajn, D. (1995). Estruturas de governança e coordenação do "agribusiness": uma aplicação da Nova Economia das Instituições. Tese (Livre Docente em Administração) - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo.

Zylbersztajn, D. (2009). Papel dos contraltos na coordenação agroindustrial: um olhar além dos mercados. In: Souza, J. P. de Prado, I. N. do (Org.). Cadeias produtivas: estudos sobre competitividade e coordenação. 2. Ed. Maringá: EDUEM.

Downloads

Publicado

2022-04-01