PROJETO DE INTEGRAÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO: ÁGUAS PARA QUEM? UMA ANÁLISE A PARTIR DOS ATORES ATINGIDOS

Autores

  • Jaqueline Guimarães Santos UFPE
  • Eugenio Avila Pedrozo Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

DOI:

https://doi.org/10.22277/rgo.v16i3.7397

Palavras-chave:

Água. Transposição do rio São Francisco. Atores atingidos

Resumo

Objetivo: discutir e compreender as disputas em torno da água entre os atores atingidos pelo PISF, maior empreendimento hídrico que está sendo finalizado no Nordeste brasileiro.

Método/abordagem: foi realizada uma pesquisa de cunho etnográfico e abordagem qualitativa, utilizando como principais técnicas de coleta de dados entrevistas de história oral, observações participantes, registradas em diário de campo, coleta de documentos, além de registros fotográficos e vídeos da comunidade com autorização prévia das pessoas. Após o trabalho de campo, os dados foram sistematizados e transcritos com o uso do software NVivo®. A análise e interpretação dos dados, por sua vez, se deram por meio da análise interpretativa ancorada no quadro teórico adotado.

Principais Resultados: os principais resultados da pesquisa apontam diversas situações conflituosas de acesso à água para os atores atingidos pelo projeto hídrico e reterritorializados na vila rural Negreiros, Salgueiro/PE. Diante disso, as metas da ODS 6 de se propiciar acesso equitativo a esse bem se tornam cada vez mais distantes.

Contribuições teóricas/práticas/sociais: as principais contribuições da pesquisa foram trazer ao cerne do debate os problemas ambientais e situações conflituosas de acesso à água para os atores atingidos pelo PISF, o qual é a maior obra hídrica do Brasil e, de modo controverso, não cumpre seu papel de distribuir água a quem sofreu diretamente com a sua implantação. Além disso, contribui para o debate crítico do objetivo de desenvolvimento sustentável 6.

Originalidade/relevância: a pesquisa foi realizada em momento oportuno de finalização do PISF, o que remete a sua originalidade e, dada a importância do PISF para a região Nordeste e a complexidade dos seus desdobramentos para a região, evidenciamos a relevância desta pesquisa.

Referências

Alberti, V. (2008). Fontes orais: História dentro da História. In: Pinsky, C. B. (Org.). Fontes Orais. 2. ed. São Paulo: Contexto, p. 155-202.

Agência Nacional De Águas (ANA). (2021). Conjuntura recursos hídricos no Brasil. Informe anual. Brasília: ANA, 110 p. http://conjuntura.ana.gov.br/

Bakker, K. (2012). Water: political, biopolitical, material. Social Studies of Science, 42 (4), 616–623.

Bakker, K. (2005) Neoliberalizing nature? Market environmentalism in water supply in England and Wales. In: Annals of the Association of American Geographers 95(3), 542-565.

Branco, S. C. (2020). História oral: reflexões sobre aplicações e implicações. Revista Novos Rumos Sociológicos, 8(13).

Brasil. Projeto de Lei do Senado nº 495, de 2017. Senado Federal. https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/131906

Bardin, L. (2011). Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70

Castro, J. E., Cunha, L. H., Fernandes, M., & Sousa, C. M. (Eds). (2017). Tensão entre justiça ambiental e justiça social na América Latina: o caso da gestão da água. Campina Grande: Editora da Universidade Estadual da Paraíba (EDUEPB).

Castro, J. E. et al. (Eds.). (2019). Territorialidades del agua: conocimiento y acción para construir el futuro que queremos. 1 a ed.- Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Fundación CICCUS, Waterlat-Gobacit, 247p.

Cavedon, N. R. (2014). Método etnográfico: da etnografia clássica às pesquisas contemporâneas. In: E. M. S. (Org.), Metodologias e analíticas qualitativas em pesquisa organizacional: uma abordagem teórico-conceitual. Vitória, ES: Edufes, p. 65-90.

Folha de São Paulo (2020). Governo que privatizar serviços da transposição do rio São Francisco. https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/11/governoquer-privatizar-servicos-da-transposicao-do-sao-francisco-em-2021.shtml.

Ioris, A. A. R. (2010). The political nexus between water and economics in Brazil: A Critique of Recent Policy Reforms. Review of Radical Political Economics, 42, 231-250. https://doi.org/10.1177/0486613410368499

Ioris, A. A. R. (2013). The Adaptive Nature of the Neoliberal State and the State-led Neoliberalisation of Nature: Unpacking the Political Economy of Water in Lima, Peru. New Political Economy, 18(6), 912–938. https://doi.org/10.1080/13563467.2013.768609

Ioris, A. (2018). Conflicting Demands, Urban Dilemmas and Narrow Thinking about Water: Political Necessity and the Possibilities of Change. In: Marsden, T. (ed.). SAGE Handbook of Nature. SAGE. p. 583-602.

Ivars, J. D. (2019). Agua, Poder y Racionalización: a provincia de Mendoza, Argentina. 1a ed., Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Fundación CICCUS; Quilmes: Universidad Nacional de Quilmes; Buenos Aires: Waterlat-Gobacit.

Mello, R. P. B., Villardi, R. M., Mello, S. C. R. P., & Miranda, M. G. (2020). Desafios no acesso à água e saneamento básico no Brasil e o controle da Covid-19. Revista Augustus, 25(51), 281-293. https://doi.org/10.15202/1981896.2020v25n51p281

Minayo, M. C. S. (Org.). (2016). Pesquisa Social. Teoria, método e criatividade. 18 ed. Petrópolis: Vozes.

Ministério da Integração Nacional (MIN). Caracterização física e social da Vila Produtiva Rural Negreiros. Documento disponibilizado pelo MIN, Brasília, 2018.

Ministério Da Integração Nacional (MIN). Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do Projeto de Integração do Rio São Francisco. 2004.

https://antigo.mdr.gov.br/images/stories/ProjetoRioSaoFrancisco/ArquivosPDF/documentostecnicos/RIMAJULHO2004.pdf.

Ministério do Desenvolvimento Regional. Secretaria Nacional de Saneamento (2022). Diagnóstico Temático Serviços de Água e Esgoto. https://arquivos-snis.mdr.gov.br/REPUBLICACAO_DIAGNOSTICO_TEMATICO_VISAO_GERAL_AE_SNIS_2022.pdf

Nações Unidas Brasil. Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. https://brasil.un.org/pt-br/sdgs

Rangel, M. J., & Marquesan, F. F. S. (2018). A Nova Relação do Sertanejo Nordestino Brasileiro com a Face Visível da Seca. Desenvolvimento em Questão, 16(42). https://doi.org/10.21527/2237-6453.2018.42.269-300

Shiva, V. (2006). Guerras por água: privatização, poluição e lucro. São Paulo: Radical Livros.

Strang, V. (2016) Infrastructural relations: Water, political power and the rise of a new “despotic regime”. Water Alternatives, 9(2), 292-31 8. https://doi.org/10.1016/B978-0-08-097086-8.12201-9

Strang, V. (2004). The Meaning of Water. Berg: Oxford and New York.

Strang, V. (2010). Water, Culture and Power: Anthropological Perspectives from ‘Down Under’. Insights, 3(14), 1-22.

Swyngedouw, E. (2014). Politicization and depoliticization of water studies. In: Seminar Science and ‘Engagement’ in Water Studies, Université Paris Ouest Nanterre La, Paris.

Swyngedouw, E. (2019). La economía política y la ecología política del ciclo hidro-social. In: Castro, J. E. et al. (Eds). Territorialidades del agua: conocimiento y acción para construir el futuro que queremos. 1a ed.- Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Fundación CICCUS; Waterlat-Gobacit, p. 48-57.

United Nations Children's Fund (Unicef). Report Water Security for All. https://www.unicef.org/media/95241/file/water-security-for-all.pdf

Vainer, C. B. (2008). Vidas Alagadas conflitos socioambientais licenciamento e barragens. Estudos Avançados, 1, 39-63.

Ximenes, V. M., Moura Júnior, J. F., Cruz, J. M., Silva, L. B., & Sarriera, J. C. (2016). Pobreza multidimensional e seus aspectos subjetivos em contextos rurais e urbano nordestinos. Estudos de Psicologia, 21(2), 146-156.

Downloads

Publicado

2023-04-04

Edição

Seção

Agenda 2030 – Metade do Caminho: Avanços, Desafios e Perspectivas