A supressão dos meios de vida dos pescadores profissionais impactados pela usina Hidrelétrica Foz do Chapecó

Autores

  • Silvana Winckler Unochapecó
  • Arlene Renk Unochapecó

DOI:

https://doi.org/10.46699/rduno.v2i3.5341

Palavras-chave:

Formação continuada de professores. Perspectivas epistemológicas. Documentos oficiais.

Resumo

O texto tem como objetivo analisar impactos socioambientais da instalação da Usina Hidrelétrica Foz do Chapecó no rio Uruguai, região sul do Brasil, na pesca artesanal e as alterações produzidas nos meios de vida dos profissionais da Colônias de Pescadores Z 35. Na Colônia, verificou-se que houve redução de um terço no número de pescadores após o enchimento do lago. Metodologicamente, a pesquisa caracteriza-se como qualitativa. Compreende revisão de literatura, levantamento documental de diagnósticos, planos e programas ambientais e entrevistas com pescadores afetados. Adota-se como estratégia a pesquisa narrativa. Constatamos que, ante a inviabilidade da atividade, os pescadores recorrem à previdência social e ao empreendedor a fim de obter os meios de vida na forma de seguro defeso, aposentadoria e indenização. Concluímos que operam, neste caso, a lógica do encolhimento dos benefícios sociais do Estado e a liberdade de atuação empresarial no contexto neoliberal. Evidenciamos a desproteção das vítimas do desenvolvimento, condenadas a conviver com as consequências nefastas do empreendimento desenvolvimentista. Planos e programas ambientais do empreendedor, que visam transformar o pescador em aquicultor, não foram implementados.

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Biografia do Autor

Silvana Winckler, Unochapecó

Doutora em Direito pela Universidade de Barcelona

Arlene Renk, Unochapecó

Doutora em Antropologia pela UFRJ. Docente dos Programas de Pós-Graduação em Direito e em Ciências Ambientais da Unochapecó.

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Publicado

2020-05-25

Edição

Seção

Artigos