DA MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA À DINÂMICA DE DESENVOLVIMENTO RURAL: O ASSENTAMENTO MAISA, RIO GRANDE DO NORTE

Autores

  • Kerginaldo Nogueira de Medeiros Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA)
  • Emanoel Márcio Nunes Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN)
  • Samara de Melo Ramalho Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN)

DOI:

https://doi.org/10.22295/grifos.v30i54.5944

Palavras-chave:

Modernização agrícola, Reforma Agrária, Agricultura familiar, Ruralidade.

Resumo

O objetivo do artigo é analisar a agricultura familiar no assentamento MAISA, como uma dinâmica de desenvolvimento rural no Rio Grande do Norte, considerando sua passagem de empresa agrícola moderna e exportadora desde os anos 1970, para se transformar no segundo maior assentamento de reforma agrária do Brasil a partir do ano de 2003. A metodologia consistiu no estudo de dez dinâmicas internas, as agrovilas, com a aplicação de questionários para 89 famílias de agricultores assentados. Os resultados mostram uma baixa produtividade agrícola, uso de tecnologia atrasada e de baixo custo, além de grande parte dos chefes das famílias sendo empregados em empresas agrícolas, reproduzindo a própria condição de quando eram empregados da própria empresa MAISA. Conclui-se que o acesso a programas estatais assistencialistas se apresenta como estratégia para completar a renda familiar. A maior parte do excedente da produção é destinada a atravessadores, com inexpressível acesso aos mercados institucionais. Inexiste organização coletiva, se limitando a gestão da infraestrutura das agrovilas. Apesar desse contexto, a pesquisa constatou que a maioria das famílias demonstra otimismo em relação ao futuro e satisfação com as atividades agrícolas e com o meio rural.

Biografia do Autor

Kerginaldo Nogueira de Medeiros, Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA)

Administrador. Mestre em Ambiente, Tecnologia e Sociedade pela Universidade Federal Rural do Semiárido (PPGATS/UFERSA).

Emanoel Márcio Nunes, Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN)

Economista. Doutor em Desenvolvimento Rural pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PGDR/UFRGS). Professor da graduação e do Programa de Pós-Graduação em Economia (PPE/UERN) da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (FACEM/UERN).

Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq - Nível 2 - CA AE - Administração, Contabilidade e Economia.

Samara de Melo Ramalho, Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN)

Economista. Mestranda em economia pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (PPE/UERN)

Referências

AMARAL FILHO, J.; Globalização, transformações estruturais, desenvolvimento local e regional, um olhar sobre o Nordeste Brasileiro. In: AMARAL FILHO, J.; CARRILLO, J. (org.). Trajetórias de Desenvolvimento Local e Regional: Uma Comparação entre a Região Nordeste do Brasil e a Baixa Califórnia (México). Rio de Janeiro: Papers, 2011. p. 35-65.

BAIARDI, A. Gênese e evolução da agricultura familiar: desafios na realidade brasileira e as particularidades do Semiárido. Revista Econômica do Nordeste, Fortaleza, v. 45, suplemento especial, p. 143-156, out./dez., 2014.

BCB – BANCO CENTRAL DO BRASIL. Manual de Crédito Rural. Brasília: BCB, 2014. Disponível em: <http://www3.bcb.gov.br/mcr/>. Acesso em: 16 set. 2014.

BUAINAIN, A. M. et al. Sete teses sobre o mundo rural brasileiro. Revista de política agrícola, Brasília, n. 2, p. 105-121, 2013. Disponível em: <http://goo.gl/yot2vn>.

BUAINAIN, A. M.; GARCIA, J. R. Contextos locais ou regionais: importância para a viabilidade econômica dos pequenos produtores. In: CAMPOS, S. K.; NAVARRO, Z. (org.). A pequena produção rural e as tendências do desenvolvimento agrário brasileiro: ganhar tempo é possível? – Brasília: CGEE, 2013. p. 133-176.

CECAV/RN – Centro Nacional de Pesquisas e Conservação de Cavernas do Rio Grande do Norte. Proposta de criação de unidade de conservação federal Parque Nacional da Furna Feia. 2011.

DELGADO, N. G. Agronegócio e agricultura familiar no Brasil: desafios para a transformação democrática do meio rural. Revista Novos Cadernos NAEA, Belém, v. 15, p. 85-129, 2012.

GALVANESE, C.; FAVARETO, A. Dilemas do planejamento regional e as Instituições do Desenvolvimento sustentável. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 29, n. 84, p. 73-84, fev. 2014.

GOMES, G. M. Velhas secas em novos sertões: continuidades e mudanças na economia do semi-árido e dos cerrados nordestinos. Brasília: IPEA, 2001. 294 p.

HELFAND, S.; PEREIRA, V. Determinantes da pobreza rural e implicações para as políticas públicas no Brasil. In: BUAINAIN, A. M. et al. A nova cara da pobreza rural: desafios para as políticas públicas. Série Desenvolvimento Rural Sustentável, v. 16, Brasília: IICA, 2012. p. 121-159.

HOFFMANN, R. Distribuição da renda agrícola e sua contribuição para a desigualdade de renda no Brasil. Revista de Política Agrícola, Brasília, v. 20, p. 5-22, 2011.

KAGEYAMA, A. Desenvolvimento rural: conceito e medida. Cadernos de Ciência & Tecnologia, Brasília, v. 21, n. 3, p. 379-408, set./dez. 2004.

LOURENZANI, W. L. Capacitação gerencial de agricultores familiares: uma proposta metodológica de extensão rural. Organizações Rurais & Agroindustriais, Lavras, v. 8, n. 3, p. 313-322, 2006.

MARTINS, G. A.; THEÓPHILO, C. R. Metodologia da investigação cientifica para Ciências Sociais aplicadas. 2. Ed. São Paulo: Atlas, 2009. 247p.

MATOS FILHO, J; OLIVEIRA, F. S. S.; PONTES, B. M. L. M. Uma análise do PRONAF no Nordeste e no Estado do Rio Grande do Norte, 1999-2012. In: 52° Congresso da SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural, 2014. Goiânia. Anais... Goiânia: SOBER, 2014. Disponível em: <http://icongresso.itarget.com.br/tra/arquivos/ser.4/1/4095.pdf>. Acesso em: 17 jan. 2015.

MATTEI, L. O papel e a importância da agricultura familiar no desenvolvimento rural brasileiro contemporâneo. Revista Econômica do Nordeste, Fortaleza, v. 45, suplemento especial, p. 83-91, out./dez. 2014.

NUNES, E. M. Reestruturação agrícola, instituições e desenvolvimento rural no Nordeste: as dinâmicas regionais e a diversificação da agricultura familiar no Pólo Assu-Mossoró (RN). Tese de Doutorado, Faculdade de Ciências Econômicas da UFRGS, Porto Alegre, Rio Grande do Sul. 2009. 350p.

NUNES, E. M.; SCHNEIDER, S. Economia Agrícola, Instituições e Desenvolvimento Rural: uma análise comparativa da diversificação econômica do Pólo Assu/Mossoró (RN). Revista Econômica do Nordeste, Fortaleza, v. 43, p. 561-584, jul.-set. 2012.

NUNES, E. M.; SCHNEIDER, S. Reestruturação Agrícola, Instituições e Desenvolvimento Rural no Nordeste: a diversificação da agricultura familiar do Pólo Açu-Mossoró (RN). Revista Econômica do Nordeste, Fortaleza, v. 44, p. 601-626, 2013.

NUNES, Emanoel Márcio; SILVA, V. M.; SA, V. C. Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER): formação e conhecimentos para a agricultura familiar do Rio Grande do Norte. REDES (Santa Cruz do Sul. ONLINE), v. 25, p. 458-482, 2020.

OLIVEIRA, A. R. O associativismo na Região do Pontal do Paranapanema-SP: Limites e possibilidades para o desenvolvimento rural. Tese de Doutorado, Faculdade de Ciências e Tecnologia da UNESP, Presidente Prudente, São Paulo. 2010. 209p.

SÁ, J. N. A estrada que percorri. Natal: J. N. de Sá, 2003. 282 p.

SACCO DOS ANJOS, F.; BECKER, C. Agricultura familiar e mercados institucionais: o desenvolvimento como liberdade. Revista Econômica do Nordeste, Fortaleza, suplemento especial, p. 107-117, out./dez. 2014.

SCHNEIDER, S. A pluriatividade na agricultura familiar. Porto Alegre: Editora UFRGS, 2003. 254p.

SCHNEIDER, S. Reflexões sobre diversidade e diversificação: agricultura, formas familiares e desenvolvimento rural. Revista Ruris, Campinas/SP, v. 4, n.1, mar. 2010a.

SCHNEIDER, S. Situando o desenvolvimento rural no Brasil: o contexto e as questões em debate. Revista de Economia Politica, São Paulo, v. 30, n. 3 (119), p. 511-531, jul./set. 2010b.

SOUSA FILHO, H. M.; BONFIM, R. M. Oportunidades e desafios para a inserção de pequenos produtores em mercados modernos. In: A pequena produção rural e as tendências do desenvolvimento agrário brasileiro: ganhar tempo é possível? – Brasília: CGEE, 2013. p. 71-100.

Downloads

Publicado

2021-03-31