INTERSECCIONALIDADE ENTRE GÊNERO, CLASSE E DIAGNÓSTICO: PRÁTICAS DE ATENÇÃO À SAÚDE MENTAL NO CAPS

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22295/grifos.v31i55.6062

Palavras-chave:

interseccionalidade, gênero, classe, diagnóstico, saúde mental

Resumo

Pautando-se na construção da loucura e dos métodos de tratamento e atenção à saúde mental, discute-se neste trabalho como o gênero está interseccionado aos marcadores sociais da diferença de classe e diagnóstico no processo de construção social da normalidade em saúde mental e, por consequência, dos tratamentos em um Centro de Atenção Psicossocial - CAPS II. Analisamos, neste contexto, como a intersecção entre tais marcadores sociais produz subjetividades e identidades na  relação com a instituição. Utilizando-se da Análise do Discurso Dialógico do Círculo de Bakhtin, do feminismo interseccional, de análises históricas sobre processos patológicos, e registros documentais, investiga-se o assujeitamento e despotencialização política de sujeitos, que destituem a ideia de uma mulher diversa, assim como resultam na perpetuação dos modelos históricos constituídos pelo patriarcado e pela psiquiatria tradicional, que permanecem gerando opressão e discriminação de minorias, principalmente quando a psiquiatria captura os processos de tratamento restringindo-o ao biomédico, e desconsidera as dimensões sociais que envolvem a subjetividade.

Referências

ALVES, Jessica Santana de Assis. A interseccionalidade como aparato teórico e metodológico para a história das mulheres. Dia-Logos: Revista dos alunos de Pós-graduação em História, v. 12, n. 2, 2018.

ARÁN, Márcia; PEIXOTO JÚNIOR, C. Subversões do desejo: sobre gênero e subjetividade em Judith Butler, 2007.

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION et al. DSM-5: Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Artmed Editora, 2014.

BRANDÃO, H. H. N. Introdução à análise do discurso. Campinas - SP, Editora da Unicamp. 2ª Ed, 2004.

BRASIL. Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001. Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental. Diário Oficial da União. Brasília, DF. 2001.

BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. O HumanizaSUS na atenção básica. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS. – Brasília: Ministério da Saúde, 2009.

________.MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria ministerial nº 336, de 19 de Fevereiro de 2002. Estabelece que os Centros de Atenção Psicossocial poderão constituir-se nas seguintes modalidades de serviços: CAPS I, CAPS II e CAPS III, definidos por ordem crescente de porte/complexidade e abrangência populacional. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília. 2002.

________.MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria ministerial nº 3.088, de 23 de Dezembro de 2011. Institui a Rede de Atenção Psicossocial para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília. 2002.

________.MISKOLCI, Richard. A Teoria Queer e a Questão das Diferenças: por uma analítica da normalização. In: Congresso de leitura do Brasil. 2007. p. 1-19.

BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2017.

CABRAL, Francisco; DÍAZ, Margarita. Relações de gênero. Secretaria municipal de educação de belo horizonte; fundação odebrecht. Cadernos afetividade e sexualidade na educação: um novo olhar. Belo Horizonte: Gráfica e Editora Rona Ltda, p. 142-150, 1998.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução Nº 6, de 29 de Março de 2019. Institui regras para a elaboração de documentos escritos produzidos pela(o) psicóloga(o) no exercício profissional e revoga a Resolução CFP nº 15/1996, a Resolução CFP nº 07/2003 e a Resolução CFP nº 04/2019. 2019.

COSTA JUNIOR, F M. Concepções de Médicos/as e Enfermeiros/as sobre questões de gênero na Saúde. Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Estadual Paulista. Bauru. 2010.

COUTO, Richard. ALBERTI, Sonia. Breve história da Reforma Psiquiátrica para uma melhor compreensão da questão atual. Saúde em debate. 2008.

FERREIRA, Jonatas. Saúde mental, subjetividade e o dispositivo psicofarmacológico contemporâneo. Revista latinoamericana de estudios sobre cuerpos, emociones y sociedad, n. 25, p. 12-23, 2017.

GUATTARI, Félix. As três ecologias. tradução Maria Cristina F. Bittencourt. — Campinas, SP: Papirus, 1990.

GODOY, Arilda Schmidt. Pesquisa qualitativa: tipos fundamentais. Revista de Administração de empresas, p. 20-29, 1995.

HENNING, Carlos Eduardo. Interseccionalidade e pensamento feminista: As contribuições históricas e os debates contemporâneos acerca do entrelaçamento de marcadores sociais da diferença. Mediações, Londrina/PR. 2015.

KANTORSKI, Luciane Prado et al. Gênero como marcador das relações de cuidado informal em saúde mental. Cad. Sau. Colet., Rio de Janeiro, v. 27, n. 1, p. 60-66, 2019.

LANCETTI, Antonio. Clínica peripatética. São Paulo: Hucitec, v. 3, 2006.

LAU, Heliton Diego. SANCHES, Gabriel Jean. A linguagem não-binária na língua portuguesa: possibilidades e reflexões making herstory. Revista X, p. 87-106, 2019.

MIELKE, Fernanda Barreto et al. Avaliação qualitativa da relação de atores sociais com a loucura em um serviço substitutivo de saúde mental. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 65, n. 3, p. 501-507, 2012.

MISKOLCI, Richard. A Teoria Queer e a Sociologia: o desafio de uma analítica da normalização. Sociologias, n. 21, p. 150-182, 2009.

NEPOMUCENO, Bárbara Barbosa. Pobreza e Saúde Mental: Uma análise psicossocial a partir da perspectiva dos usuários do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). Universidade Federal do Ceará. Departamento de Psicologia: Programa de Pós Graduação em Psicologia. 2013

NOGUEIRA, Conceição. Interseccionalidade e psicologia feminista. Salvador, Bahia. Editora Devires. 2017.

OLIVEIRA, João Manuel de. Desobediências de Gênero. Salvador, BA: Editora Devires, 2017.

PRADO FILHO, Kleber; LEMOS, Flavia Cristina Silveira. Uma breve cartografia da luta antimanicomial no Brasil. Revista Semestral do Departamento e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar, v. 2, n. 1, p. 45, 2012.

REIS, Alice Casanova dos; ZANELLA, Andréa Vieira. Psicologia Social no campo das políticas públicas: oficinas estéticas e reinvenção de caminhos. Revista de Ciências Humanas, v. 49, n. 1, p. 17, 2015.

RODRIGUES, Cristiano. Atualidades do Conceito de Interseccionalidade para a pesquisa e prática feminista do Brasil. Seminário Internacional Fazendo Gênero 10 (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2013.

RUIZ, Tânia Barroso. Diretrizes metodológicas na Análise do Dialógica do Discurso: o olhar do pesquisador iniciante. Revista Diálogos, v. 5, n. 1, p. 39-59, 2017.

SAWAIA, Bader. As artimanhas da exclusão: análise psicossocial e ética da desigualdade social. Editora Vozes Limitada, 2017.

TEIXEIRA, Raquel Malheiros. As contribuições de Franco Basaglia para o campo da saúde mental e da Reforma Psiquiátrica Brasileira. Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública. Curso de Psicologia. Salvador, 2009.

ZANELLO, Valeska. COSTA E SILVA, René Marc. Saúde Mental, Gênero e Violência Estrutural. Revista Bioética. Conselho Federal de Medicina. Brasília Brasil. 2012. Vol 20, núm. 2. p. 267-279.

Downloads

Publicado

2021-09-30

Edição

Seção

Dossiê: Gênero, Diversidade Sexual e Políticas Públicas