A CONSTRUÇÃO DA CONVIVÊNCIA COM O SEMIÁRIDO NA BAHIA, SOB A ÓTICA DO TRABALHO DO CEDASB

Autores

  • Eliane Pereira Almeida Vale UFRPE
  • Janio Santos UEFS

DOI:

https://doi.org/10.22295/grifos.v32i58.6822

Palavras-chave:

ASA, política pública, tecnologias sociais, campo.

Resumo

Este artigo analisa a construção da política de convivência com o semiárido na Bahia e considera como marco temporal a atuação do Centro de Convivência e Desenvolvimento Agroecológico do Sudoeste da Bahia (CEDASB), entidade vinculada a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA). A construção da ideia de “convivência” com o semiárido se ascende com mais relevância no Sudoeste Baiano a partir do trabalho do CEDASB, enquanto entidade executora de programas estruturantes na perspectiva de um “novo” paradigma de desenvolvimento para a região. Adotou-se como procedimentos metodológicos: entrevista semiestruturada, levantamento bibliográfico e pesquisa documental. Por meio desses procedimentos foi possível sistematizar, analisar e interpretar os dados coletados, à luz da reflexão histórico-crítica. Dois produtos foram elaborados durante este trabalho e agregados ao acervo do CEDASB: uma tabela com a sistematização de todas as tecnologias implementadas pela instituição ao logo de sua trajetória e um mapa da espacialização de sua atuação na Bahia, e ambos dão visibilidade à incidência sociogeográfica da organização. Os resultados evidenciaram o tensionamento ainda latente entre Estado e organizações da sociedade civil na manutenção de políticas públicas no semiárido, além de demonstrarem as arenas políticas enfrentadas pelo CEDASB para tornar exequível e concreto o projeto da convivência com o semiárido na Bahia. Por fim, fica explícito que o CEDASB se faz essencial para os territórios, para a garantia de direitos, como o acesso à água, mesmo no devir da disputa no campo das ideias e dos financiamentos estatais.

Downloads

Biografia do Autor

Eliane Pereira Almeida Vale, UFRPE

Doutoranda em Agroecologia e Desenvolvimento Territorial (UFRPE); Mestra em Geografia (PPGEO/UESB)/

Janio Santos, UEFS

Doutor em Geografia e Professor Pleno (DCHF/UEFS); Salvador, Bahia, Brasil

Referências

ALMEIDA, E. P. et al. Tecnologias Sociais e produção de alimentos em municípios do Sudoeste Baiano. Conquistas e desafios na garantia da soberania alimentar camponesa. Revista Geopauta. ISSN: 2594-5033, v. 5, nº 4, 2021.

ALVES, J. História das secas (séculos XVII a XIX). Mossoró: Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte/Escola Superior de Agricultura de Mossoró/Fundação Guimarães Duque (Coleção Mossoroense, v.225). 1982.

ANDRADE, M. C. O Nordeste e a Questão Regional. São Paulo: Editora Ática, 1988.

ANDRADE, M.C. Estado, Capital e Industrialização do Nordeste. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 1981.

ANDRADE, M.C. Formação Econômico-social e Processos Políticos no Nordeste Brasileiro. In: MARANHÃO, Sílvio. (org.). A Questão Nordeste. Estudos sobre formação Histórica, Desenvolvimento e Processos Políticos e Ideológicos. Rio de Janeiro. Editora Paz e Terra. 1984, p. 31-40.

ASABRASIL. Programa uma terra e duas águas (P1+2). Disponível em: https://www.asabrasil.org.br/acoes/p1-2. Acesso em: 29 de mar. 2019.

ASABRASIL. Tecnologias Sociais para a convivência com o semiárido. Série Estocagem de água para a produção de alimentos. Cisterna Calçadão. 10ª edição. Recife. ASACom. 2014.

ASABRASIL. Tecnologias Sociais para a convivência com o semiárido. Série Estocagem de água para a produção de alimentos. Cisterna Enxurrada. 6ª edição. Recife. ASACom. 2014.

ASABRASIL. Tecnologias Sociais para a convivência com o semiárido. Série Estocagem de água para a produção de alimentos. Barreiro Trincheira. 5ª edição. Recife. ASACom. 2014.

ASABRASIL. Tecnologias Sociais para a convivência com o semiárido. Série Estocagem de água para a produção de alimentos. Barragem Subterrânea. 7ª edição. Recife. ASACom. 2014.

ASABRASIL. Programa de formação e mobilização social para a convivência com o semi-árido: Um milhão de cisternas rurais – P1MC. Recife, 2002. 80p.

ASSIS, T. R.P. Sociedade Civil, Estado e Políticas Públicas: reflexões a partir do Programa Um Milhão de Cisternas Rurais (P1MC) em Minas Gerais. Revista de Políticas Públicas. UFMA. São Luis, v. 16, nº 1, p. 179-189, jan./jun. de 2012.

BAPTISTA, N.; CAMPOS, C. Por um modelo sustentável de desenvolvimento no semiárido. In: CONTI, I. L. et al. (Org.). Construindo saberes, cisternas e cidadania: Formação para a convivência com o semiárido brasileiro. Ed. IABS, Brasília-DF, 2014. p. 53-54.

BROCHARDT, V.S. Comunicação popular na construção de políticas de acesso à água no semiárido: a experiência da ASA, 2013. 231f. Dissertação (Mestrado em Comunicação). Universidade de Brasília, Brasília, 2013.

CARVALHO, L.D. Um sentido de pertencimento ao território semiárido brasileiro: a ressignificação da territorialidade serteneja pela convivência. Revista de Geografia. UFPE, v. 28, nº 2, 2011.

CASTRO, I. E de. Seca versus Seca. Novos interesses, Novos territórios, Novos discursos no Nordeste. In: CASTRO, I. E. de; GOMES, P. C. da C.; CORRÊA, R. L. (org). Brasil: questões atuais da reorganização do território. Rio de Janeiro. Bertrand Brasil, 1996, p. 283-323.

COLOGNESE, S. A.; MÉLO, J. L. B. de. A técnica de entrevista na pesquisa social. Cadernos de Sociologia, Porto Alegre, v. 9, p. 143 – 159, 1998.

CONTI, I. L.; PONTEL, E. Transição paradigmática de convivência com o semiárido. In: CONTI, I. L.; SCHROEDER, E. O. (org.) Convivência com o Semiárido Brasileiro: autonomia e protagonismo social. Brasília: IABS, 2013, p, 21-30.

DIEGUES, A. C. Sociedades e comunidades sustentáveis. São Paulo:

USP/NUPAUB, 2003. Disponível em: .

Acesso: 28 jun. 2019.

GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6ª ed. São Paulo: Atlas, 2008.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª ed. – São Paulo, Editora Atlas, 2002.

GONÇALVES, H. V B et al. Avaliação de manejo de agroecossistemas familiares atendidos pelo programa P1+2 na comunidade de Inácio João, município de Caém, Bahia. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer. Goiânia, v.9, nº.16, p. 17-33, 2013

ITS. Caderno de Debate. Tecnologias Sociais no Brasil. Direito à ciência e ciência para a cidadania. São Paulo. Editora Raiz. 2004.

LISBOA, J. B. de. A trajetória do discurso de desenvolvimento para o Nordeste: políticas públicas na (dis)simulação da esperança, 2007. 272f. Tese (Doutorado em Geografia). Universidade Federal de Sergipe. São Cristovão, 2007.

MALVEZZI. R. Semiárido - uma visão holística. Brasília: Pensar Brasil, 2007.

MARANHÃO, S. (org.). A Questão Nordeste. Estudos sobre formação Histórica, Desenvolvimento e Processos Políticos e Ideológicos. Rio de Janeiro. Editora Paz e Terra, 1984.

MARCONI, M. A; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. 5ª ed. São Paulo, Editora Atlas, 2003.

MARONHAS, M.E.S; BARBORA, A.G. Programa Sementes do Semiárido: Alguns Aspectos, Reflexões e Resultados. CONGRESSO BRASILEIRO DE AGROECOLOGIA, 11, 4 a 7 de novembro, São Cristóvão, 2020. Anais... São Cristovão, Sergipe, 2020.

MATTOS, L.C. Um tempo entre secas: superação de calamidades sociais provocadas pelas secas através das ações em defesa da convivência com o semiárido, 2017. 273f. Tese (Doutorado em Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade). Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2017.

OLIVEIRA, F. Elegia para uma Re(li)gião. Sudene, Nordeste. Planejamento e Conflito de Classes. 2a Ed. Rio de Janeiro, Editora Paz e Terra, 1977.

SANTOS, K.F.S. O Programa “Uma Terra e Duas Águas – P1+2” como instrumento político- pedagógico e social na promoção da segurança alimentar e nutricional. Revista Macambira. v. 1, n. 1, p 84, 2017

SANTOS, M.A.F et al. Percepção ambiental: reflexões sobre o semiárido baiano. Revista Brasileira de Geografia Física. UFPE, v. 12, nº5, p. 1904-1912, 2019.

SANTOS, T.A. Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA BRASIL): A convivência com o semiárido e a construção de um regionalismo de resistência, 2016. 232f. Tese (Doutorado em Geografia). Universidade de São Paulo. São Paulo, 2016.

SILVA, N.L.A. et al. Impactos socioeconômicos do Projeto Cisternas II em comunidade do município de Ibipeba, Bahia. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer. Goiânia, v.9, nº.16; p. 149-169, 2013.

SILVA. R. M A. Entre o combate à seca e a convivência com o semiárido: transições paradigmáticas e sustentabilidade do desenvolvimento, 2006. 298f. Tese (Doutorado em Desenvolvimento Sustentável), Universidade de Brasília, Brasília, 2006.

VALE, E.P.A. O “Desmonte” das políticas públicas de convivência com o semiárido: Estado e a Articulação Semiárido Brasileiro entre 2014-2019. 176f. Dissertação (Mestrado em Geografia). Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista, 2020.

VALE, E.P.A.; SANTOS, J. A ASA e a luta contra o discurso do combate à seca. Revista GeoNordeste. São Cristovão, Ano XXXI, n.2, p. 40-58, jul./dez. 2020.

VALE, E.P.A.; SILVA, L. P. Política Pública de fortalecimento da agricultura familiar: as ações da ASA (res) significando o semiárido baiano. Bahia Analise & Dados. Salvador, v. 24, n. 3, p. 501-517, jul./set. 2014.

Downloads

Publicado

2022-06-30

Edição

Seção

Artigos