MAL-ESTAR DOCENTE E POLÍTICAS DE FORMAÇÃO PEDAGÓGICA

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22196/rp.v22i0.6309

Palavras-chave:

Políticas de formação pedagógica, mal-estar docente, modernidade, crise educacional

Resumo

O presente trabalho tem por objetivo analisar as políticas de formação pedagógica como possível alternativa para enfrentar o mal-estar docente. A hipótese defendida é a de que os diversos problemas que o professor enfrenta no exercício da docência geram a situação de um mal-estar e as políticas de formação pedagógica podem se tornar promissoras para seu enfrentamento. O texto toma emprestado o conceito freudiano de “mal-estar”, atualizado pelo pensador brasileiro Sérgio Paulo Rouanet (1993). O artigo procura perseguir a seguinte questão: os problemas enfrentados na docência que hoje causam o mal-estar docente podem encontrar nas políticas de formação pedagógica uma alternativa de enfrentamento? Trata-se de um estudo qualitativo, exploratório e bibliográfico, ancorado no método analítico-hermenêutico. Na primeira seção do texto será reconstruído o conceito de mal-estar apresentado por Freud (1997) na obra O mal-estar na civilização; na segunda seção, esse mesmo conceito é abordado a partir dos escritos de Rouanet (1993), o qual analisa o mal-estar da modernidade; a terceira seção investiga o mal-estar docente a partir dos estudos do educador espanhol José Manuel Esteve (1999); por fim, na última seção são propostas algumas estratégias de superação do mal-estar docente por meio da ideia de políticas de formação pedagógica. Após o estudo realizado, concluímos que há muita dificuldade para lidar com o mal-estar docente gerado pelas situações enfrentadas pelos docentes na atualidade, o que pode ser amenizado se aliado a forças e atitudes conscientes, tanto da parte dos docentes como da gestão, incluindo políticas públicas de formação inicial e continuada.

Biografia do Autor

Altair Alberto Fávero, Universidade de Passo Fundo - UPF

Doutor em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Professor do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Passo Fundo. Coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Superior (GEPES - UPF/RS).  E-mail: altairfavero@gmail.com

Camila Chiodi Agostini, Universidade de Passo Fundo

Doutoranda em Educação no PPGEdu/UPF. Servidora Pública Federal da Universidade Federal da Fronteira Sul, UFFS, Campus Passo Fundo. E-mail: camila.chiodi.agostini@gmail.com

Larissa Morés Rigoni, Universidade de Passo Fundo

Especialista em Gestão Escolar pela Uniasselvi. Professora de Educação Infantil no município de Paraí/RS e professora de Ensino Fundamental I no Colégio Mater Amabilis - Rede Sagrado de Educação, Nova Araçá/RS. Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Superior (Gepes - UPF/RS). E-mail: moreslarissa@gmail.com

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Publicado

2021-08-04

Como Citar

FÁVERO, A. A.; AGOSTINI, C.; RIGONI, L. MAL-ESTAR DOCENTE E POLÍTICAS DE FORMAÇÃO PEDAGÓGICA. Revista Pedagógica, [S. l.], v. 23, p. 1–27, 2021. DOI: 10.22196/rp.v22i0.6309. Disponível em: http://bell.unochapeco.edu.br/revistas/index.php/pedagogica/article/view/6309. Acesso em: 19 abr. 2024.

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