NOVO ENSINO MÉDIO: consequências e perspectivas para a formação dos jovens
DOI:
https://doi.org/10.22196/rp.v22i0.5786Palavras-chave:
Ensino médio; Políticas educacionais; Juventude.Resumo
Este artigo reflete sobre o contexto atual do Ensino Médio brasileiro, por meio da análise dos discursos presentes na Reforma do Ensino Médio e na Base Nacional Comum Curricular-BNCC, no que se refere a formação dos jovens em nível médio na atualidade. A partir de pesquisa bibliográfica e documental, analisamos as mudanças recentes nesta etapa de ensino, promovidas por estas reformas curriculares. Consideramos que tais reformas encontram-se afinadas com as políticas neoliberais para educação brasileira das últimas décadas, com ênfase no protagonismo juvenil, colocando o jovem como definidor de seu percurso formativo, além de focar na necessidade do desenvolvimento de competências e habilidades requeridas pelas novas formas de organização do trabalho produtivo. Ou seja, estas representam mais retrocessos para a educação da classe trabalhadora, e reforçam a dualidade estrutural já existente, além de provocar o empobrecimento de conteúdo desta etapa do ensino.
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