O PRINCÍPIO DO NON REFOULEMENT E A CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22295/grifos.v35i63.8447

Palavras-chave:

Migração, Direitos Humanos, Controle Migratório, Refúgio, Soberania Estatal

Resumo

O presente artigo analisa o caso Família Pacheco Tineo v. Estado Plurinacional da Bolívia, com o propósito de examinar as condutas estatais à luz das normas internacionais de proteção a migrantes e refugiados. A problemática central orienta-se pelas seguintes questões: (i) quais foram os fundamentos jurídicos centrais da demanda proposta contra o Estado boliviano? e (ii) em que medida as condutas adotadas revelam práticas de controle migratório incompatíveis com convenções internacionais? A abordagem teórico-conceitual baseia-se no diálogo entre a proteção internacional dos direitos humanos e a soberania estatal, com ênfase no princípio do non-refoulement. Metodologicamente, trata-se de pesquisa qualitativa e bibliográfica, sustentada na análise sistemática de literatura acadêmica, documentos oficiais, jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos e outras fontes especializadas. Os resultados demonstram que o Estado boliviano violou garantias processuais, o princípio da não devolução e direitos fundamentais de migrantes e crianças, resultando em condenação pela Corte Interamericana. Conclui-se que as normas internacionais sobre migração e refúgio foram estruturadas simultaneamente como instrumentos de proteção de direitos e de preservação da soberania estatal, o que fragiliza sua efetividade e permite práticas que operam, em muitos casos, em detrimento dos migrantes.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Marcos Vinícius Viana da Silva, Univali

Doutor em Ciência Jurídica pela Universidade do Vale do Itajaí, Doctor en Derecho pela Universidade de Alicant. Professor e vice coordenador do Programa de Mestrado e Doutorado em Gestão de Políticas Públicas da UNIVALI. Mestre e Bacharel em Direito.

Rafaella Silveira , Univali

Mestra em Direito das Migrações Transnacionais pela Universidade do Vale do Itajaí e Università degli Studi di Perugia. Pós-Graduanda em Direito da Aduana e do Comércio Exterior pela Universidade do Vale do Itajaí.

Matheus Ricardo Pereira do Canto, Univali

Mestrando em Direito das Migrações Transnacionais pela Universidade do Vale do Itajaí e Università degli Studi di Perugia. Bacharel em Relações Internacionais pela Universidade do Vale do Itajaí. 

Referências

ALEINIKOFF, T. Alexander. State-centered refugee law: From resettlement to containment. Michigan Journal of International Law, v. 14, p. 120–120, 1992.

BEHRMAN, Simon. Refugee law as a means of control. Journal of Refugee Studies, v. 32, n. 1, p. 42–62, 2019.

BENTO, Maria Waldiléia do Espírito Santo; SILVA, David Junior de Souza. EU LÁ, EU CÁ: um estudo sobre a diáspora warao a partir do olhar da criança sobre o processo de migração para a cidade de belém/pa. Revista Grifos, [S.L.], v. 32, n. 59, p. 01-22, 21 out. 2022. Revista Grifos. http://dx.doi.org/10.22295/grifos.v32i59.6688.

BLOOM, Tendayi. The business of migration control: Delegating migration control functions to private actors. Global Policy, v. 6, n. 2, p. 151–157, 2015.

BRASIL. Decreto nº 50.215, de 28 de janeiro de 1961. Promulga a Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados, concluída em Genebra, em 28 de julho de 1951. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 30 jan. 1961. Seção 1, p. 838. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1960-1969/decreto-50215-28-janeiro-1961-389887-publicacaooriginal-1-pe.html. Acesso em: 15 abr. 2025.

CIDH. Corte Interamericana de Direitos Humanos. Caso Família Pacheco Tineo v. Estado Plurinacional da Bolívia. Disponível em: https://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_272_ing.pdf. Acesso em: 20 abr. 2025.

CONVENÇÃO RELATIVA AO ESTATUTO DOS REFUGIADOS. Genebra, 1951.

FITZGERALD, David Scott. Remote control of migration: theorising territoriality, shared coercion, and deterrence. Journal of Ethnic and Migration Studies, v. 46, n. 1, p. 4–22, 2020.

GIL-BAZO, María-Teresa. The practice of Mediterranean States in the context of the European Union’s Justice and Home Affairs External Dimension: the Safe Third Country Concept Revisited. International Journal of Refugee Law, v. 18, n. 3-4, p. 571–600, 2008.

GOODWIN-GILL, Guy S.; McADAM, Jane. The Refugee in International Law. 3rd ed. Oxford: Oxford University Press, 2007.

MARTIN, Lauren. Refugees face higher burden of proof than criminals. UNSW Sydney, 2019. Disponível em: https://newsroom.unsw.edu.au/news/social-affairs/refugees-face-higher-burden-proof-criminals. Acesso em: 20 abr. 2025.

McAULIFFE, M.; OUCHO, L.A. (org.). World Migration Report 2024. Geneva: International Organization for Migration (IOM), 2024.

SELEE, Andrew et al. In a dramatic shift, the Americas have become a leading migration destination. Washington, DC: Migration Policy Institute, 2023.

UNHCR. Note on the Principle of Non-Refoulement. 1977. Disponível em: https://www.unhcr.org/publications/note-non-refoulement-submitted-high-commissioner. Acesso em: 20 abr. 2025.

UNHCR. The Principle of Non-refoulement as a Norm of Customary International Law. Geneva: UNHCR, 1994.

Downloads

Publicado

2025-09-30

Como Citar

Viana da Silva, M. V., Silveira, R., & Pereira do Canto, M. R. (2025). O PRINCÍPIO DO NON REFOULEMENT E A CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. Revista Grifos, 35(63), 1–20. https://doi.org/10.22295/grifos.v35i63.8447